Imagine ser professor em uma turma com alunos que precisam de provas adaptadas. A cada avaliação, é preciso recriar o conteúdo para garantir o aprendizado de todos, uma tarefa que exige tempo, dedicação e sensibilidade. Mas, e se a tecnologia pudesse facilitar esse processo?
Essa foi a ideia que inspirou a solução desenvolvida no Hackathon 2025 da Estuda.com, referência nacional em Gestão de Provas e Simulados. A inovação apoia educadores na inclusão dos alunos, que podem aprender de um jeito que respeita suas necessidades e potencialidades.
Durante o evento, colaboradores de diferentes áreas se uniram para criar projetos voltados à Educação Adaptativa e Individualizada. Para impulsionar a criatividade e permitir a participação de todos, um pré-requisito especial foi adicionado: o uso da inteligência artificial.
A solução dos vencedores deu tão certo que a empresa prevê o lançamento da nova funcionalidade de adaptação de avaliações para outubro de 2025.
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O crescimento dos diagnósticos e a realidade das escolas
Ser neurodivergente é perceber o mundo por uma lente diferente, pensar, sentir e aprender de um jeito que desvia do padrão, mas que faz parte da diversidade natural da neurobiologia humana.
Entre os exemplos de neurodivergências estão o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), Dislexia, Discalculia, entre outros.
Esses casos estão cada vez mais presentes nas escolas: dados do Censo Demográfico 2022, apontam que 1,1 milhão de crianças e adolescentes, entre 0 e 14 anos, possuem o diagnóstico de autismo. Enquanto a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), estima que o número de casos de TDAH variem entre 5% e 8% no mundo.
Já a dislexia, caracterizada pela dificuldade na leitura e comum de ser descoberta na fase da alfabetização, se apresenta em aproximadamente 4% da população brasileira, segundo o Instituto ABCD. Anteriormente ao Hackathon, a Estuda.com já contava com funcionalidades pensando neste público.
A psicóloga e neuropsicóloga Louise de Mello Borino, especialista em análise de comportamento aplicado (ABA), comenta sobre esse aumento: “Um dos fatores é o acesso à informação”, destacando momentos em que as próprias escolas percebem questões no desenvolvimento do aluno e conversam com os pais.
Estuda.com: Hackathon pela tecnologia à favor da inclusão
O grupo vencedor do projeto integrou a tecnologia da OpenAI (dona do ChatGPT) ao protótipo, permitindo adaptar provas facilmente com a inteligência artificial. Grande parte da nova funcionalidade da Estuda.com será com as características deste projeto.
Todos colocaram a mão na massa: inspiraram-se no modelo social da deficiência, pesquisaram dados oficiais, revisitaram a legislação e promoveram trocas valiosas com educadores e especialistas, unindo conhecimento técnico e sensibilidade humana para dar vida à solução.
“O modelo social da deficiência, indica que ela não define o sujeito, ou seja, não está no corpo ou na mente do indivíduo, mas na interação entre ele e um ambiente que não foi projetado para acolher a diversidade humana”, explica Daisy Eckhard Bondan, especialista em Educação Inclusiva da Rede Marista Brasil — parceira da Estuda.com —, que foi consultada pelo grupo.
A partir dessa solução, professores, mesmo aqueles que não são especialistas no assunto, poderão anexar os laudos dos alunos e descrever livremente as adaptações necessárias. O resultado é uma prova inclusiva com poucos cliques.
A possibilidade de dar autonomia para o docente descrever as adaptações foi algo que surgiu das conversas que os vencedores tiveram com docentes, como conta Diego Valverde, integrante do grupo vencedor: “Às vezes o professor não tem o laudo, mas ele já sabe que para aquele aluno, precisa fazer alterações na prova”.
Outra vantagem da ferramenta é ajudar estudantes que não tem (ou ainda não foram) diagnosticados, mas que o professor percebe a necessidade de adaptações. Como Diego complementa, essa será mais uma funcionalidade que apoiará os educadores: “A ideia nunca é substituir o professor. Ele é o responsável e detentor do conhecimento”.
O Hackathon 2025 estimulou a colaboração, pensamento crítico, inovação e intraempreendedorismo, além de proporcionar um maior conhecimento sobre neurodivergências para todos os colaboradores.
“Pude aprender sobre os neurodivergentes, porque não tenho ninguém na família, então, para mim, é uma realidade que não faz parte. Foi um aprendizado muito grande, que muitas vezes não tem visibilidade”, destacou Gabriela Gaudio, analista financeira sênior.
A vontade de fazer a diferença e inovar já é parte da essência da Estuda.com. Diego revela o plano de tornar a funcionalidade vencedora disponível na etapa de criação das questões.
“Estamos pensando em utilizar a tecnologia na criação de questões adaptadas, porque a nossa proposta foi criar uma prova convencional e a partir dela elaborar uma adaptada”. Em breve, essa ideia ganhará vida.
A neurodivergência fora do papel: significado pessoal da ação
Mais do que um desafio de inovação, o Hackathon 2025 também tocou histórias pessoais. Para alguns, o tema da educação adaptativa não ficou apenas no campo profissional, mas se conectou diretamente às suas próprias trajetórias e vivências familiares.
O CEO, Carlos Pirovani, foi diagnosticado com TDAH durante seu bacharelado em Ciência da Computação, mas reflete sobre o passado como aluno na educação regular.
“Se eu pudesse voltar no tempo e tivesse uma solução que ajudasse meus professores na escola, as coisas teriam sido menos difíceis”, relata, relembrando a época na instituição de ensino.
Tanto para Carlos, quanto para Fabiana Paixão, gerente de pessoas e cultura na Estuda.com, o tema da neurodivergência ganha um significado mais profundo.
Fabiana, mãe de uma criança diagnosticada com autismo, se emocionou ao refletir sobre o impacto da iniciativa: “Ver que existe um movimento para que ele tenha um ensino melhor, seja incluído na escola, nas atividades, nas provas, é muito importante”.
Ela ressalta que ter uma avaliação, que aproveite as potencialidades do seu filho, a deixa mais tranquila. Louise de Mello Borino, neuropsicóloga, reforça essa visão:
“Tem crianças que não conseguem fazer provas de múltiplas escolhas, outras não conseguem descrever. Você tem que entender qual é o ponto forte daquele aluno, e usar esse ponto forte para sustentar uma avaliação. Além de também compreender como aquela criança aprende”.
Tudo isso passa pela criação de uma cultura inclusiva. Como destaca Daisy Eckhard Bondan, as instituições de ensino devem ser “comunidades de aprendizagem plural, em que a diferença é condição humana e que todos, dentro da sua singularidade, são potentes”.
“É muito legal ver que tirando laudos, tirando condições, todos nós já somos diferentes”, reflete Fabiana.
Carlos concorda com essa perspectiva e conclui: “Cada um tem um jeito de aprender e a IA veio para facilitar. Isso abre a possibilidade para que o conteúdo seja apresentado no formato que for melhor para você”.
Objetivo para o futuro: causar ainda mais impacto
A Estuda.com mostra que a tecnologia vêm para somar ao otimizar e automatizar processos, tudo sem perder o lado humano.
Com 12 anos de história, a empresa atende mais de 1.300 instituições com sua solução de Gestão de Provas e Simulados. Já impactou mais de 14 milhões de estudantes em sua jornada de aprendizagem e contribuiu para a aprovação de mais de 60 mil jovens no SISU 2025.
Como uma plataforma de impacto social, Carlos reforça seu desejo de abraçar a inclusão: “Precisamos tentar acolher ao máximo. Estamos trabalhando para dar robustez tanto para a ferramenta de preparação para ENEM e vestibulares, quanto para as escolas”.
Essa visão traduz o propósito que guia a Estuda.com desde o início: usar a tecnologia para transformar a educação e gerar impacto real em toda a comunidade escolar.
“O beneficiado sempre será o estudante na ponta, mas atuamos com o professor, com gestores, com escolas e com os pais dos alunos. Tenho muito orgulho do que nós construímos e do que nós ainda vamos construir”, confidenciou Carlos.
Sobre a Estuda.com
A Estuda.com foi fundada em 2013, inicialmente sob o nome Estuda Vest, com o propósito de apoiar estudantes na preparação para o ENEM. Criada por Carlos Pirovani e Vitor Freitas, ambos formados em Ciência da Computação, nasceu como uma startup de tecnologia voltada à educação.
Desde então, evoluiu para Estuda.com, ampliando sua atuação e consolidando-se como parceira de instituições de ensino em todo o Brasil. Com a missão de transformar vidas, a empresa acredita no poder do aprendizado para construir futuros.
