Quando você pensa no início da história do nosso país e sobre os primeiros moradores da nossa terra, a história que vem à sua cabeça passa por Pedro Álvares Cabral e todos os passageiros das tão famosas caravelas, não é mesmo? Isso acontece porque a cultura eurocêntrica foi inserida na nossa sociedade logo ali, nos primeiros passos da nossa história e de lá pra cá, todos nós brasileiros fomos incentivados a passar para frente determinados conhecimentos, em detrimento de outros, sem muito questionar ou até
mesmo buscar novas fontes. É muito importante que como estudantes, possamos olhar além do básico e lembrar todos os dias que nossas verdadeiras raízes foram criadas por uma cultura que já ocupava o solo brasileiro muito antes da chegada dos portugueses: a cultura indígena, e que tão valiosos comportamentos ainda fazem enorme influência nos costumes brasileiros. A cultura indígena é intrínseca à nós e faz parte do dia a dia do nosso povo.
Apesar do massivo esforço europeu para impor seus próprios hábitos sobre os índios, a cultura indígena conseguiu permanecer forte em todos os aspectos e principalmente em algumas regiões do Brasil como Norte e Centro Oeste. Embora atualmente a população indígena seja minoria no nosso país, correspondendo a apenas 0,4% da população brasileira, os traços das raízes indígenas continuam muito presentes em tudo que fazemos.
É importante lembrar que a cultura indígena brasileira é vasta e diversificada, não existe apenas uma tribo, uma só cultura, um só ritual. Cada povoado indígena pertence a uma determinada etnia e região e carregam suas próprias características como qualquer outro povo do mundo. Historiadores estimam que, no início do século XVI, havia quatro agrupamentos linguísticos principais: tupi-guarani, jê, caribe e aruaque, esses agrupamentos seriam famílias linguísticas que compartilhavam o mesmo idioma e consequentemente culturas semelhantes.
Assim como qualquer outra sociedade dentro de um mesmo território de terra, mesmo que diferentes, os povos indígenas compartilham de similaridades, como por exemplo: organização social baseada no coletivismo; ausência de política, Estado e governo; ausência de moeda e de trocas mercantis; religiões politeístas baseadas em elementos da natureza; e ausência da escrita, apesar da comunicação visual por meio de símbolos ser bastante forte.
É fato que a visão europeia sobre os povos indígenas foi, desde a colonização, etnocêntrica. Ou seja: considera o modo de vida indígena inferior por não conter elementos considerados importantes pela sociedade europeia. Porém, tanto a sociologia quanto a antropologia contemporânea discordam veementemente deste conceito: as diferenças culturais entre povos não é motivo para o estabelecimento de uma hierarquia cultural. Sociedades diferentes possuem sistemas de civilização e progresso diferentes e a análise de qualquer cultura deve ser feita de maneira individualizada e nunca comparativa.
Confira alguns traços culturais que continuamos compartilhando diariamente:
Culinária: o consumo de peixes, castanhas, frutas, vegetais verdes e raízes foi entregue para nós diretamente da cultura indigena. Atualmente o Guia alimentar para a população brasileira, elaborado pelo ministério da Saúde, traz em suas páginas inúmeros alimentos base da cultura indígena.
Arte: O artesanato brasileiro apesar de também diverso, compartilha de similaridades herdadas dos povos indígenas, os materiais quase sempre rústicos, a escolha de cores e até mesmo os traços ligados a natureza tem uma raiz profunda em todos nós.
Línguas e costumes: a maior parte das palavras ligadas a fauna e flora no Brasil são de origem indígena: abacaxi, tatu, mandioca, caju são alguns exemplos. O costume do almoço reforçado na metade do dia, dos minutinhos de descanso logo após a refeição e a fé inquestionável também descende dos nossos primeiros povos.
É sempre muito interessante saber mais sobre nossas próprias raízes, não é?
Se você quer saber mais, a melhor maneira de aprender é pelo contato direto com povos indígenas ou por meio de estudos antropológicos desenvolvidos por indigenistas (pesquisadores que se dedicam a entender a cultura indígena).
No twitter você pode encontrar uma porção de perfis sensacionais para seguir como por exemplo: @tukuma_pataxo, @cristianwariu, @wl_tupinikin @midia_india e @alice_pataxo
Mas se você é mais acadêmico, buscar por pesquisas e trabalhos reconhecidos pela Funai pode ser um ótimo início. Também vale a pena programar uma visita ao Museu do Índio assim que possível, lá está preservado o maior acervo de artefatos indígenas do nosso país. Você vai adorar!
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